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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

UM POUCO DA HISTÓRIA DO MEIO AMBIENTE NO MUNDO


Vou inaugurar o meu Blog escrevendo sobre um tema super atual:  MEIO AMBIENTE, uma das minhas grandes paixões desde os 27 anos. Como estou começando o meu BLOG, vou escrever  sobre o início da preocupação ambiental no mundo.

Até a década de 60, todos pensavam que  os recursos  naturais da Terra eram inesgotáveis.  Tudo era permitido. Não existiam leis para preservação e conservação do meio ambiente.  Desmatamentos, uso de rios, lagos e oceanos como esgoto, emissões de gases tóxicos sem chaminés e filtros, devastação das florestas (  quase todas as florestas principalmente da Europa, foram dizimadas). O foco era o progresso a qualquer custo.  Como disse  Greta Thunberg, ativista de mudanças climáticas, em recente pronunciamento que emocionou o mundo:  "  dinheiro, dinheiro, dinheiro, crescimento econômico eterno". ( Vide Vídeo de Greta Thunberg  postado nesse Blog).

Mas, ainda no final da década de 50, uma bióloga marinha americana, Rachel Carson, deu a partida para o início da tomada de consciência dos riscos de um desenvolvimento feito a qualquer custo, sem considerar os limites do nosso único planeta, a Terra.  Não temos outro planeta, não temos um Plano B. Ela começou a observar  que a pequena cidade onde morava, Springdale, em Pittsburg, situada entre duas enormes usinas de carvão, foi transformada em uma terra desolada, com o ar contaminado por emissões de produtos químicos e o rio poluído por resíduos industriais. Os donos não tinham a menor preocupação com os impactos dessa  poluição sobre os moradores da pequena cidade e sobre o meio ambiente; argumentavam que estavam levando o progresso e gerando empregos; aliás, este sórdido argumento perdura até hoje, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em eterna fase de desenvolvimento.  Cresci ouvindo dizer que o Brasil era o país do futuro, que nunca chegou.


Carson tomou conhecimento do uso de um pesticida desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial para eliminar insetos e combater as doenças causadas por eles como a Malária, Tifo e Febre Amarela. Também era usado por fazendeiros para controlar pestes agrícolas. Trata-se do DDT - Dicloro-Difenil-Tricloroetano.  Apesar de ser uma criança de origem humilde, conseguiu estudar em boas escolas e Universidades, devido a sua inteligência superior. Entretanto, não conseguiu fazer um Doutorado nem pertencer às sociedades científicas, por isso era menosprezada e criticada pela poderosa indústria de "biocidas", como ela costumava chamar os pesticidas. Alertou os Estados Unidos, e depois alertou o mundo, quando publicou o seu mais conhecido livro sobre meio ambiente, a PRIMAVERA  SILENCIOSA., em 1961.  Este foi, na prática, o primeiro livro ambiental do mundo, que sacudiu a inércia desenvolvimentista vigente, desencadeou a elaboração de leis de controle de poluição, culminando com a criação da poderosa Agência de Proteção Ambiental dos EUA, a EPA.

Infelizmente Carson veio a falecer vítima de um câncer cerebral, aos 56 anos, muito provavelmente causado pela poluição atmosférica que ela tanto combateu.  Por que o nome Primavera Silenciosa?  Porque  não haviam mais pássaros na sua outrora bucólica cidade, eles morriam aos montes devido à poluição atmosférica das usinas a carvão.

Pois bem, somente em 1972 o mundo conseguiu se reunir pela primeira vez, na cidade de Estocolmo, em 1972, para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, organizada pelas ONU, no período de 5 a 16 de junho de 1972. Participaram desta Conferência 113 países, inclusive o Brasil, e 400 instituições governamentais e não-governamentais.  Criou-se um grande impasse no decorrer deste importante evento, entre os países ricos, que queriam o "desenvolvimento zero", e os países pobres, que queriam o "desenvolvimento a qualquer custo". Ficou célebre a posição defendida pelo Brasil na reunião, " se os países ricos não quisessem as indústrias por causa da poluição, todas elas podem se transferir para o Brasil".   Mas o resultado final da Conferência foi positivo: A aprovação de um importante documento, a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, contendo uma série de princípios, um dos quais o reconhecimento de que os recursos naturais necessitam de gestão adequada para não serem esgotados.

Infelizmente foi o que acabou acontecendo. Só para citar um exemplo clássico bem perto de nós. A TIBRÁS - Titânio do Brasil, que depois mudou de nome para Millennium Inorganic,Chemicals e finalmente entrou em processo de fusão como a Cristal Company. Para produzir o seu produto final,  o dióxido de titânio gera enxofre ( daí o odor horrível odor sentido em
 grande extensão ao redor), ácido sulfúrico e sulfato ferroso.  Todo esse lixo tóxico era despejado nas lindas praias da orla da Bahia, causando muita poluição e doenças nas comunidades que residiam no seu entorno.  Um grande amigo já falecido costumava pescar caranhas nessas praias. Com a TIBRÁS, as caranhas desapareceram.
Essa maléfica indústria, que existe em 9 outros países, foi construída sem qualquer licença ambiental, controle nem compromisso de monitoramento da sua operação para o meio ambiente e as comunidades que viviam nessa área.
Mas o Brasil reagiu de maneira progressista, e já em 1973, mesmo sob o fatídico regime militar, conseguiu criar o primeiro órgão de meio ambiente federal, a SEMAS - Secretaria Especial do Meio Ambiente, criada pelo Presidente da República Emílio Garrastazu Médici, vinculada ao Ministério do Interior. Além de não ter status de ministério, a SEMAS contou apenas com 6 profissionais, liderado pelo professor da USP Dr Paulo Nogueira Neto. Em 1981, a SEMA elaborou a Política Nacional de Meio Ambiente, quando o órgão já contava com 200 servidores. Criou também o CONAMA- Conselho Nacional de Meio Ambiente. Somente em 1989 foi criado o IBAMA - Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Meio Ambiente. Em 2000 foi criado o Sistemas Nacional de Unidades de Conservação e o IBAMA foi dividido em dois: O Instituto Chico Mendes, uma homenagem ao seringueiro, sindicalista, ativista político e ambientalista brasileiro, assassinado em 1988. Chico Mendes tornou-se conhecido mundialmente por sua luta a favor dos seringueiros da Bacia Amazônica, cuja subsistência dependia da preservação da floresta e das seringueiras nativas. Infelizmente o atual Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou em entrevista que não conhecia Chico Mendes.
Em  45 anos ( de 1973 a 2018), o Brasil construiu um dos melhores arcabouços ambientais do mundo, considerado exemplo para muitos países. Lamentalvelmente, todo esses esforço empreendido pelos governos anteriores, pela sociedade civil, organizações não governamentais brasileiras e estrangeiras, está sendo destruído pelo atual governo, numa velocidade jamais imaginável.

Em 1988, a Constituição Cidadã, como é conhecida, introduziu pela primeira vez a temática ambiental, no seu Art. 225, que diz: " todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e futuras gerações".

No próximo post abordarei uma das questões mais preocupantes e graves da crise ambiental: os agrotóxicos.









Um comentário:

  1. Muito bom e completo o texto, onde mostra a importância que o meio ambiente tem e como afeta a vida como um todo. Precisamos sim ter conhecimento e lutar pela preservação das matas e riquezas que a terra nos oferece. E principalmente pelos animais, muutss vezes extintos pela ambição do homem.

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